quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

(in) mundo

Filho de todas as mães.
Irmão de todo o mundo.
Viver
Morrer
Segundo
Coroas de flores
O berço
O túmulo.
entre tantos
um é escolhido.
para o nosso bem
para o nosso mal
Sertão
De cada um.
Menos
Mais do mesmo.

sábado, 11 de abril de 2015

Bem te vi

Secreta Miranda.Digo Miranda porque me lembra algo relacionado a atriz Meryl Streep. Sim, claro! O Diabo veste Prada. Diabo por que lembro o Guimarães Rosa, "o diabo na rua,no meio do redemunho". Prada pelos modismos do mundo. Ser Chic nem custa, assim tão caro. A vida é ser pluma e pedra. Pedra me lembra Drummond. Pluma a felicidade do Tom do Vinícius pra falar de amor. Amor Adriana Calcanhotto Porto Alegre Santa Cruz do sul de Lya. Pronto cheguei em Lya e citei  o Porto Alegre de Adriana C. por sua vida poética, de mulher sentimento, citei pelo momento, dessa pedra, de agora, em seu caminho. Dessa facilidade que essas mulheres do sul tem pra falar sentimento. Sul..tilmente.

"meu coração dispara, quando vem o teu cheiro dentro de um livro."


Sonhei que te vi plantando margaridas em Madri.


Eu sei que é Secreta Mirada.
Eu sei que é amor...
SSS

terça-feira, 7 de abril de 2015

Café amargo com sexo e poesia.

Vem, que eu sei que você tem saudade.
E não sei se você sabe, mas moro nela.
Meu bairro, meu lugar.

Vem, antes que seja tarde.
Vem, antes que me desespere e perca...
A paz do nosso amor.

Vem, antes que faça a guerra.
Que eu feche o tempo.
Vem, antes que faça chover forte.
Que eu arraste tudo...
Vem, antes que eu diga que minha vida tá perdida.
Vem, sem ter despedida.
Vem, mesmo que depois tenha que recomeçar...

Vem, antes que aceite.
Vem, e me aproveite
Vem, antes que o tempo da gente passe...
Vem, todo cheio de arte.
Vem, pode ser a tardinha.
Vem, provar da criatividade minha...
Com café, sexo e poesia.

domingo, 1 de março de 2015

O jogo da vida já vem com manual de como jogar.

Ir ou rir.
Sentar ou chorar.

Estou na mira dos governos.
Estou na mira dos comerciais de tvs.
Sou o alvo o tempo todo.
Sou bobo, tolo e alegre...da corte.
Agora eles sabem quem foi Marques
Agora eles sabem quem foi  Marx.
O Capital
A Capital
Chupem eça!
Ora, se non é vero é bene trovato
A ditadura queimava livros.


Estamira
Estou mal
Com tanta babaquice no jornal.
Tanta coisa pra me distrair
Controle do real.
Controle remoto.
Cuidado:
Instrumento de busca.
Instrumento de tortura.
Instrumento de censura.


Intelecto lapidado

Espero que cada livro seja minha carta de alforria dessa escravidão moderna disfarçada de paz e alegria. Salve a poesia. Salve o absolutamente nada das coisas. Salve o presente.

Era uma falta de mar


Eu ria e chorava um rio

Mas nunca uma dor foi tão bela



Antes havia um escuro. Nem sei bem se andara sonhando.
Mesmo quarto, mesma cama, mesmo quadro e uma extensa vida lá fora forrada por uma cortina.
Se esticou para puxar um pouco a janela. Entrou um pouco de luz no espaço quarto tempo. Planejou ouvir uma canção do Moska cuja a melodia não saía da sua mente.

Deixou pra lá, fez silêncio.Olhou pro teto e pensou...Queria pensar de outra forma.Queria mudar a rota.Pra quê?Pra quem? Pensar positivo.Pensar poesia.Pensar primeiro.Tudo agora: Presente.
Tom prosaico, o largo sorriso andou desaparecendo do seu rosto. Intimamente pra ele era uma falta de mar. Apenas isso.

Sempre tinha essa manina de não saber lidar com presentes e com pessoas que lhe dão presentes querendo algo em troca. Ele preferia não receber tais presentes, por não saber lidar com a  euforia diante do regalo. Sibilava mais que falava.  Seu silencio o tornava enigmático e pouco interessado em ouvir, falatórios inúteis e  partidos político, entre a esquerda e a direita ficava entre. Entre entrar para o quarto ou ficar na expectativa de algo inteligente e com presença de espirito. Que de fato promova a mudança e não todos esses insultos  que vão contra a dignidade e liberdade humana.
Se levantou olhou no espelho,que pra ele já havia perdido a razão. Ele sempre se via interiormente acabado, mas o espelho o retratava como um homem bonito, marcado por uma tristeza que o tornava ainda  mais atraente. Cabelo sem pente, barba e bigode com fios soltos, a escova de dente. Respirava fundo,sabia que estava se tornando um ser estranho. Estranhamento virou uma canção num poema pra ele...

A mesa do café posta.
Tem tudo que ele gosta.
Sua mãe depois de mais de 30 anos voltou a se preocupar com ele:
"tanto que falo pro cê cuidar dessa alimentação, tanto peço em oração."
Mas como, se ele não tem fome?

Precisou colocar umas cartas nos Correios. De chinelo, bermuda e camiseta pegou a chave do carro. Dirigir lhe causava enorme prazer de movimento e isolamento. Sempre ia com tranquilidade, atento as regras, aguardando sua vez. Nunca tinha pressa quando estava ao volante. Sempre encontrava uma vaga boa, os sinais abertos e o caminho livre, Nas mãos sempre um livro. Pra o livrar de todo mal: o tédio.

 Nesse dia um desconhecido o chamou de esnobe, assim do nada, assim sem alguma ação que provocasse aquela reação gratuita. Foi na fila dos Correios, um rapaz sentando ao seu lado esperando atendimento, volto a dizer desconhecido, pediu um pouco da sua água, que estava tomando na garrafa. Ele achou aquilo estranho mas mesmo assim passou a sua garrafa. Em seguida, o desconhecido puxou um assunto, mesmo o vendo preso a leitura de um livro . Pra cada comentário vazio do cara desconhecido, ele balançava a cabeça... Não havia ali uma pergunta objetiva, uma presença de espirito, ambiente favorável. Ele só queria depositar as cartas e voltar pra casa, pra sua cama, livros, musicas, sobrinhos. Sim dentro da rotina, brincar com os sobrinhos, era o melhor exercício pra sua alma.  O rapaz pareceu não entender e pediu seu telefone. Ele anotou no papel  e quando foi embora se despediu com  um silencioso sorriso entregando o papel com o telefone nas mãos do desconhecido.

 Cada um sabe como se distrair e atrair pessoas nas ruas. Ele não estava nem pra um nem pra  outro. Sem querer esbarrar em ninguém ele entrou no carro, assustado viu um motoqueiro alinhado ao seu veiculo, Ele tirou o capacete, nessa hora ele percebeu que era o rapaz desconhecido, insistindo na cantada: 

-Você é lindo.
(Silenciou...)
-Ei, to lhe dizendo: essa barba, esse bigode...poxa 
Você tá exótico demais. 
Charmoso.
(Enigmático olhar de indiferença )
-Obrigado. Respondeu
 E foi em silêncio.
Sem nem dizer 
Nada. 
Ou de nada ( como costume) 

(Brasil, Minas, Belo Horizonte - Critique sofistique a inutilidade dos elogios)

Ao chegar em casa chegou uma mensagem em seu celular:
"gostei de você, tem charme, bonito mas me pareceu muito esnobe, sem interesse."

Não soube o que fazer com aquilo, pensou sobre a imagem de esnobe que transferiu ao outro, ao desconhecido.Cada um de um observatório situado num espaço diferente no tempo.

Voltou pro quarto. Sem música, sem livro, sem luz e voltou a dormir.
Não me belisque, ainda que esteja sonhando...me deixe!
Sinto uma dor concreta, pessoal e compreensível.

domingo, 10 de agosto de 2014

Vida Menor - Carlos Drummond de Andrade

A fuga do real,
ainda mais longe a fuga do feérico,
mais longe de tudo, a fuga de si mesmo,
a fuga da fuga, o exílio
sem água e palavra, a perda
voluntária de amor e memória,
o eco
já não correspondo ao apelo, e este fundindo-se,
a mão tornando-se enorme e desaparecendo
desfigurada, todos os gestos afinal impossíveis,
senão inúteis,
a desnecessidade do canto, a limpeza
da cor, nem braço a mover-se nem unha crescendo.
Não a morte, contudo.
Mas a vida: captada em sua forma irredutível,
já sem ornato ou comentário melódico,
vida a que aspiramos como paz no cansaço
(não a morte),
vida mínima, essencial; um início; um sono;
menos que terra, sem calor; sem ciência nem ironia;
o se possa desejar de menos cruel: a vida
em que o ar, não respirado, mas me envolva;
nenhum gasto de tecidos; ausência deles;
confusão entre manhã e tarde, já sem dor,
porque o tempo não mais se divide em seções; o tempo
elidido, domado.
Não o morto nem o eterno ou o divino,
apenas o vivo, o pequenino calado, indiferente
e solitário vivo.
Isso eu procuro."

Fico assim

Eu cri cri cri
Que fosse um gafanhoto.
Mas era música.

Adriana Calcanhotto.
De rosto.

Pertim de mim.
Bem assim...
Sibilando com o vento
Bem ali
No canto.

Partimpim Pianim
Feito criança.